quarta-feira, 7 de março de 2012

A Coleção, de Harold Pinter, estreia com direção de Esther Góes

O espetáculo teatral A Coleção, texto de Harold Pinter com tradução de Flávio Rangel, ganha primeira montagem paulistana e estreia dia 16 de março, sexta-feira, no Teatro Grande Otelo, às 21 horas, com direção de Esther Góes. A peça explora a relação entre dois casais, cujas histórias se cruzam de forma conflituosa, tendo como cenário o mundo da alta costura e como tempero um misto de humor e crueldade que não deixa impune o espectador.

O pano de fundo de A Coleção é a criação de coleções de moda, mas a narrativa é focada nas relações de imprevista intimidade estabelecida entre os casais, por meio de interpretações de grande densidade dramática e de refinado humor. Pinter propõe uma deliciosa e cruel cumplicidade com o espectador ao desvendar a complexa relação dos personagens em um suposto caso amoroso. A história se passa na década de 60, época marcada por questões inovadoras, um momento de forte transgressão relacionada à sexualidade e ao desejo de viver, intensamente, a liberdade.

Esther Góes, que foi dirigida por Ariel Borghi em seu mais recente espetáculo, Determinadas Pessoas – Weigel, agora inverte com ele o papel e assume a direção. Ao lado de Ariel, estão os atores Amazyles de Almeida, Marcos Suchara e Marcelo Szpektor. A diretora conta que buscou atores envolvidos com a dramaturgia investigativa, comprometidos com um trabalho de interpretação como se fossem coautores do texto.

O enredo

Dois casais entram num jogo de final imprevisível. O primeiro (James e Stella) é bem sucedido, trabalha com moda e tem sua loja elegante. Stella é criadora de coleções, um nome em ascensão na alta costura. No mesmo bairro, num apartamento classe A, o segundo casal: Harry - de nível quase aristocrático - vive com Bill, 10 anos mais jovem, que também se dedica ao mundo da alta costura. Bill e Stella se conhecem em outra cidade, quando mostram suas coleções numa feira, e, possivelmente, vivem ardente noite de amor. No retorno, por motivos inexplicáveis, Stella conta ao marido James o sucedido “affair”.

James, no início do espetáculo, movimenta a ação, procurando e indo ao encontro de Bill para, talvez, averiguar os danos? Conferir o rival? Possivelmente decidido a extravasar os sentimentos de maneira nada civilizada? A ação de James desencadeia outras. Enquanto ele intercala encontros com Bill e seu quotidiano com Stella, Harry procura Stella, e finalmente James, Bill e Harry interagem. A sucessão de encontros é ao mesmo tempo lógica e desnorteante. Possibilidades, das mais corriqueiras às mais bizarras, jogam com os nervos do espectador enquanto ele investiga as personalidades, reações e atitudes dos personagens.

Estão todos condenados a viver a atmosfera de um pesadelo. O discurso de Harry, o silêncio de Stella, a fragmentação de Bill, são armadilhas e alçapões. Stella e James, Harry e Bill, são personagens contemporâneos, reconhecíveis e ao mesmo tempo misteriosos. Eles espelham, resumem, e ao mesmo tempo tornam ainda menos compreensível a real situação humana e os mecanismos que a reproduzem. Com o necessário misto de humor e crueldade, compartilhados com o espectador.

Harold Pinter

Considerado um dos mestres do absurdo, Harold Pinter se descreve como naturalista. O tratamento dado ao texto é de uma perfeita esgrima entre o “natural” e o percebido pelo observador crítico e arguto, captando e descrevendo fenômenos surpreendentes em comportamento habituais. Sua linguagem é rigorosa, rítmica, e conduz o foco da atenção direto aos detalhes e vestígios de tais fenômenos, num quadro sutil de pausas e diagramas quase imperceptíveis.

A obra de Pinter é considerada de expressiva contribuição social ao ponto dele ser laureado, entre outros, com o Prêmio Nobel da Literatura. Ele é tido como um dos mais inquietantes dramaturgos da atualidade, um “questionador das verdades aceitas, na vida e na arte”, segundo escreveu sobre ele Michael Billington. Pinter persegue a realidade que permanece oculta pela linguagem e percepção comuns. A diretora afirma que o “autor encoraja seu espectador a ir além, para encontrar a realidade que inclui o lado desconhecido da nossa natureza e nos surpreende com outra imagem, de nós mesmos e dos outros, inesperadamente”.

Espetáculo: A Coleção
Texto: Harold Pinter
Tradução: Flávio Rangel
Direção: Esther Góes
Elenco: Ariel Borghi, Amazyles de Almeida, Marcos Suchara e Marcelo Szpektor
Figurino: Beth Filipecki
Cenário: Cristina Novaes
Iluminação: Mauro Martorelli
Trilha sonora: Aline Meyer
Web designer: André Corradini
Coreografia de lutas cênicas: Dani Hu
Confecção de gato: Helô Cardoso
Designer gráfico: Cláudio Ferlauto
Fotografia: Arnaldo Torres
Realização: Ensaio Geral Produções
Estreia: Dia 16 de março – sexta-feira – 21 horas
Local: Teatro Grande Otelo
Alameda Nothmann, 233 – Campo Elíseos/SP – Tel: (11) 3221-9878
Temporada: Sexta e sábado (21 horas) e domingo (20 horas) – Até 17/06
Ingressos: R$ 60,00 – Classificação: 14 anos - Duração: 75 min
Gênero: Drama - Lotação: 214 lugares
Ingressos antecipados: http://www.ingressorapido.com.br/ (4003-1212)
Estacionamento no local (interno): R$ 15,00.

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